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Eurema Elathea (2006)

by Nene Altro & O Mal DeCaim

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1.
A bondade é o escudo do vil. A moral é a espada. A bondade está nas presas da víbora. Quão bom é o calor do ninho no guarda-comida das serpentes? Quão correto é entregar a inocência da carne de nossa carne à mãos que sangram em culpa? Mesmo que o ninho seja o lar. Mesmo que as mãos sejam o amor. Não há morte que justifique a bondade. E não há dor que satisfaça a moral. Porque a bondade é o abraço do predador: E a moral é o fim.
2.
Sei, eu estive tão ausente que quase me dei asas. E sei, persisti em manter nossa casa no olho do furacão que me cercou e fez ver o sangue dos erros cobrindo nossos passos outra vez. E eu finjo entender o que resta de meu mundo entre os cortes e pontos que o sopro maldito fez em furos no papel e escarro nos olhos pra que não ouse esquecer por um segundo sequer. Vê, um demônio se arrasta e te beija em tua cama. E vê, teu desejo é tão claro que cega. Então dança outra vez nossa música e deixa o mundo varrer os copos que derrubamos outra vez. Abre a janela e contempla a ciranda das lâminas que aguardam nossa fome só pra ter um sentido qualquer nessa piada infame de pecados e perdão que insistimos em manter. (O Inferno) É repetição é repetição é repetição... Então vem, e esquece que eu sei tanto quanto você. Me abraça e diz as mentiras mais verdadeiras que possam me fazer sorrir quando acordar a teu lado e não mais lembrar quem sou.
3.
"- Sorriso morto." - desequilíbrio. Assim disse, por tentação. Colheita podre de corpos magros santifica o silêncio. Assim disse... O frio dos passos não mata o vício, ainda que, a luxúria não. Feliz daquele que rasga a alma por saber que o corpo é o cão. Assim disse... Existe uma voz que entra pelas frestas e te acorda e diz tudo que desejas que a noite faça morrer. Existe um mal que come a carne e faz as noites tensas. Existe algo que lembra nossas vidas da paixão. Queres que arranque meus olhos em brasa por desperdício e opção. Feliz o que é livre de pecados e faz andar os Lázaros.
4.
A seguir, me encontrarás tão perdido que já não poderei me separar da descrença e da razão. A seguir, das cenas da minha vida restarão só reflexos dos dias em que pude dar as mãos. A alguém que me quis, alguém que se importou, alguém que soube entender sem pedir explicação. Ah, ouvir teu nome foi mais remédio que dor. Teu sabor santo me fez esquecer o epílogo. A seguir, me deixarás tão confuso em perdão, que não reconhecerás em meus lábios conclusão. A seguir, o silêncio tomará o espaço onde antes havia o jardim em que nós dois. Juramos ser felizes, corremos de mãos dadas e esquecemos tudo enfim que nunca nos disse nada. Ah, dizer teu nome foi tão completo quanto o fim. E agora que a dor voltou o que será de mim? O tempo é uma maldição a insistir, persistir, conseguir. Me diz agora então, quem vai cuidar das flores que deixamos sem abrigo na estação de frio eterno que deixamos entrar aqui e congelar nossos olhos no vazio da multidão?
5.
É, eu sei que o teu descaso faz transparecer meu despreparo em compreender as farpas em meu corpo. E, talvez seja tão claro que eu não possa ver, ou tão sincero que não possa ser tocado, ou tão impróprio. Às vezes, eu acabo em acaso em teus olhos e aguardo o momento a ser lavado por teu pranto. Se permites dizer, mesmo amargo, não consigo ter outro abraço a satisfazer o peso destes ombros. E, se por vezes eu me flagro sem certeza, me odeio mais que tudo e quero partir minh'alma em troca da dor. No chão áspero eu deveria não querer despencar mais, mas eu sinto que posso cair ainda mais. E me faria tão bem quebrar meus dentes se pudesse ficar só. Só.
6.
Todavia não ouve resposta alguma, e há quem diga conhecer os males de tal alma vagabunda, ao limbo, à estrada, à fé, ao dia. Quem é que nega esse sangue na estrada? Quem é que nega essas chagas? Todavia enxergas as dores cravadas nas pedras em que tua carne se arrasta, desgasta, desgraça a vida ao limbo, à estrada, à fé, ao dia. Quem é que nega esse sangue na estrada? Quem é que nega essas chagas? Acorda, que hoje a noite te espera.
7.
07 - Winston 01:36
Sua vida está em minhas mãos. Meus olhos nos teus. Um caminho em vão percorrido, cheio de provações. É tão bom "ser Deus" É tão bom dizer "se sim", "se não"... Fecha os olhos, faz um desejo, lembra quando foi a primeira vez que proclamamos sinceridade, verdade, imagem e semelhança? Lembra? LEMBRA???
8.
Amanheceu outra vez e fingimos não entender tudo o que aconteceu. Contém a lágrima, mais por medo que por paz. Diz: "- Sem você não sei viver." Será desistência precoce se eu deixar você falar sem responder o que estes olhos neutros sem segredos já não tentam esconder? Simplesmente por não ter nada a dizer... Por não ter nada a frente... Sorrisos e promessas já não conseguem manter o momento que se perdeu. Sou a casca da lagarta que você deixou morrer só por medo de sofrer.
9.
Não me pede pra ficar quando eu sei que o que você mais deseja é se livrar de mim. Descartável compaixão. Sua droga particular. E é tão romântico fingir não ver que eu não sou mais que outro vício qualquer em que você pendura os ossos pra ter outra noite pra viver e esquecer. Escuto tuas promessas... Me paga um drink... Tudo bem. Eu me vendo pra você. Bizarra forma de prazer, fingir estar apaixonado enfim. Glamour, beijo, solidão, roleta russa de paixão. Você enfia os teus dados em mim pra ver se eu te ajudo a esquecer que em todas as tuas apostas o fim é sempre o mesmo. Te carrego pra casa, você jura que nunca mais... É sempre assim... Eu desligo a TV, mas meu abraço quer você. Quem diria eu viciado assim nesse filme infeliz em que sangrar pelo nariz e esquecer faz Dr. Jeckyll sorrir. Tão moderno, suicídio por exaustão. Cospe tuas mágoas em minha língua outra vez que te observo consumir meu orgulho e me permito ser assim.
10.
Não foi possível te perder, quando tão iluminado te encontrei sem roupas sobre o pedestal. Passos curtos, deixa escapar a fumaça pelas narinas. Desprezo resvala por teu olhar, quando teu cuspe, ah, é o que me resta e teu lado vazio da cama grita e ressoa de modo tão divino, triste e ímpar. Ah, quem diria teus punhais viriam firmes para arrancar minhas asas? Intruso beijo que afaga este corpo embriagado, piedade, não me proclama promessas. Pois sou fraco, tolo e tenho vício em cravar nas palmas espinhos e em deixar me usar sem resistência. Ah, maldito seja tal desejo vil por deixar me devorar e amanhecer assim, com tanta culpa no olhar por ter teu gosto nas roupas, infausto demônio que alimenta meu castigo. Ah, por que me chamas? Que prazer nefasto tens em me ver rastejar e em saber que sempre vou persistir meu "talvez" e me despir por teu prazer? É vício, mas é o que faz respirar meu sangue.
11.
A seguir, me encontrarás tão perdido que já não poderei me separar da descrença e da razão. A seguir, das cenas da minha vida restarão só reflexos dos dias em que pude dar as mãos. A alguém que me quis, alguém que se importou, alguém que soube entender sem pedir explicação. Ah, ouvir teu nome foi mais remédio que dor. Teu sabor santo me fez esquecer o epílogo. A seguir, me deixarás tão confuso em perdão, que não reconhecerás em meus lábios conclusão. A seguir, o silêncio tomará o espaço onde antes havia o jardim em que nós dois. Juramos ser felizes, corremos de mãos dadas e esquecemos tudo enfim que nunca nos disse nada. Ah, dizer teu nome foi tão completo quanto o fim. E agora que a dor voltou o que será de mim? O tempo é uma maldição a insistir, persistir, conseguir. Me diz agora então, quem vai cuidar das flores que deixamos sem abrigo na estação de frio eterno que deixamos entrar aqui e congelar nossos olhos no vazio da multidão?
12.
Parte 1 - Devassidão Fez-se vítima, pobre diabo a arrancar as feridas em busca da dor. Contempla as chagas que cultiva qual jardim infértil. "Semear frustrações, colher agonias", qual Danaídes no inferno de seu sorriso pálido. Arrasta os passos através dos dias, falso néscio viciado em esquecer, sedentário até para morrer, que inexistente sem sombra no escuro. Decrépito gosto por mastigar pregos... Fez-se vítima, pobre diabo. "Heterogenia" - justifica para si mesmo "Fraqueza" - diz a voz que não se cala. Triste figura, condenada aceita: Do pó veio, pulvéreo será. Devassidão Parte 2 - Mundanidade Fez-se algoz, alma infeliz, a salivar sobre a carne alheia. Enfia os dedos, pulsa e alicia um sem fim de vícios. Iconoclasta, ainda assim idólatra, serve o suor como comunhão lasciva. Rastejando ao teu leito em antropofágica volúpia, aquece teu corpo, tal herege das sombras, que surge como desaparece. A beijar teu medo, afagar teu pecado. Fez-se algoz, alma infeliz, "Minto por mentir, cuspo por cuspir", ainda assim vem e se deita. Triste figura, extasiada aceita: Do pó veio, pulvéreo será. Mundanidade Parte 3 - Canto Final. Fez-se algoz, alma infeliz. Fez-se a vítima, pobre diabo.

about

Gravado semi ao vivo, mixado e masterizado em Janeiro e Fevereiro de 2006, no Toka Estúdio, São Paulo, exceto faixa 11, gravada em Setembro de 2005 nos Estúdios Minimax.
Produzido por Gê Lucas, exceto faixa 11, produzida por Biu (Rumbora).
Todas as letras e melodias de voz por Nenê Altro.
Todas as músicas por Nenê Altro e Edu Krummen, exceto “A Seguir”, música por Nenê Altro.
Foto de capa por Nenê Altro, Zurique, Maio de 2004.
Foto do verso por Jozzu.

Nenê Altro & O Mal de Caim, nesse disco, tinha a seguinte formação:
Nenê Altro – Vocal
Edu Krummen – Guitarra
Valentim Van Der Meer – Bateria
Marcilio Silva – Baixo

Tracklist:

1 – O Mal De Caim
2 – Óz De Fel
3 – Assim Disse…
4 – A Seguir
5 – Quando Os Pássaros Morrem E Suas Sombras Voam
6 – O Último Cliente
7 – Winston
8 – Eurema Elathea
9 – Acende O Fósforo… Joga No Copo
10 – Um Refrão Mudo Para Um Amanhecer Surdo

Extras

11 – A Seguir (versão single Brasil 2000 FM)
12 – Campos Elíseos

credits

released January 1, 2006

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about

Nene Altro & O Mal DeCaim São Paulo, Brazil

Banda pós-punk / darkwave de São Paulo-SP formada em 2004.

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