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01 - O Mal De Caim
01:49
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A bondade é o escudo do vil.
A moral é a espada.
A bondade está nas presas da víbora.
Quão bom é o calor do ninho
no guarda-comida das serpentes?
Quão correto é entregar a inocência
da carne de nossa carne
à mãos que sangram em culpa?
Mesmo que o ninho seja o lar.
Mesmo que as mãos sejam o amor.
Não há morte que justifique a bondade.
E não há dor que satisfaça a moral.
Porque a bondade é o abraço do predador:
E a moral é o fim.
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02 - Óz De Fel
02:41
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Sei, eu estive tão ausente
que quase me dei asas.
E sei, persisti em manter nossa casa
no olho do furacão que me cercou e fez
ver o sangue dos erros
cobrindo nossos passos outra vez.
E eu finjo entender
o que resta de meu mundo
entre os cortes e pontos
que o sopro maldito fez
em furos no papel
e escarro nos olhos
pra que não ouse esquecer
por um segundo sequer.
Vê, um demônio se arrasta
e te beija em tua cama.
E vê, teu desejo é tão claro que cega.
Então dança outra vez nossa música
e deixa o mundo varrer
os copos que derrubamos outra vez.
Abre a janela e contempla
a ciranda das lâminas que aguardam
nossa fome só pra ter
um sentido qualquer nessa
piada infame de pecados e perdão
que insistimos em manter.
(O Inferno) É repetição é repetição é repetição...
Então vem, e esquece que eu sei
tanto quanto você.
Me abraça e diz as mentiras
mais verdadeiras que possam me fazer
sorrir quando acordar a teu lado
e não mais lembrar quem sou.
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03 - Assim Disse...
02:32
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"- Sorriso morto." - desequilíbrio.
Assim disse, por tentação.
Colheita podre de corpos magros
santifica o silêncio.
Assim disse...
O frio dos passos não mata o vício,
ainda que, a luxúria não.
Feliz daquele que rasga a alma
por saber que o corpo é o cão.
Assim disse...
Existe uma voz que entra pelas frestas e te acorda
e diz tudo que desejas que a noite faça morrer.
Existe um mal que come a carne e faz as noites tensas.
Existe algo que lembra nossas vidas da paixão.
Queres que arranque meus olhos em brasa
por desperdício e opção.
Feliz o que é livre de pecados
e faz andar os Lázaros.
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4. |
04 - A Seguir
03:06
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A seguir, me encontrarás tão perdido
que já não poderei me separar
da descrença e da razão.
A seguir, das cenas da minha vida
restarão só reflexos dos dias
em que pude dar as mãos.
A alguém que me quis,
alguém que se importou,
alguém que soube entender
sem pedir explicação.
Ah, ouvir teu nome foi
mais remédio que dor.
Teu sabor santo me fez
esquecer o epílogo.
A seguir, me deixarás tão confuso em perdão,
que não reconhecerás
em meus lábios conclusão.
A seguir, o silêncio tomará o espaço
onde antes havia
o jardim em que nós dois.
Juramos ser felizes,
corremos de mãos dadas
e esquecemos tudo enfim
que nunca nos disse nada.
Ah, dizer teu nome foi
tão completo quanto o fim.
E agora que a dor voltou
o que será de mim?
O tempo é uma maldição
a insistir, persistir, conseguir.
Me diz agora então,
quem vai cuidar das flores
que deixamos sem abrigo
na estação de frio eterno
que deixamos entrar aqui
e congelar nossos olhos
no vazio da multidão?
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5. |
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É, eu sei que o teu descaso
faz transparecer meu despreparo
em compreender as farpas em meu corpo.
E, talvez seja tão claro que eu não possa ver,
ou tão sincero que não possa ser tocado,
ou tão impróprio.
Às vezes,
eu acabo em acaso em teus olhos
e aguardo o momento a ser lavado
por teu pranto.
Se permites dizer, mesmo amargo,
não consigo ter outro abraço
a satisfazer o peso destes ombros.
E, se por vezes eu me flagro sem certeza,
me odeio mais que tudo e
quero partir minh'alma em troca da dor.
No chão áspero
eu deveria não querer despencar mais,
mas eu sinto que posso cair ainda mais.
E me faria tão bem quebrar meus dentes
se pudesse ficar só.
Só.
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6. |
06 - O Último Cliente
02:09
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Todavia não ouve resposta alguma,
e há quem diga conhecer
os males de tal alma vagabunda,
ao limbo, à estrada, à fé, ao dia.
Quem é que nega esse sangue na estrada?
Quem é que nega essas chagas?
Todavia enxergas as dores cravadas
nas pedras em que tua carne
se arrasta, desgasta, desgraça a vida
ao limbo, à estrada, à fé, ao dia.
Quem é que nega esse sangue na estrada?
Quem é que nega essas chagas?
Acorda, que hoje a noite te espera.
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7. |
07 - Winston
01:36
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Sua vida está em minhas mãos.
Meus olhos nos teus.
Um caminho em vão percorrido,
cheio de provações.
É tão bom "ser Deus"
É tão bom dizer "se sim", "se não"...
Fecha os olhos, faz um desejo,
lembra quando foi a primeira vez
que proclamamos sinceridade,
verdade, imagem e semelhança?
Lembra?
LEMBRA???
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8. |
08 - Eurema Elathea
03:11
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Amanheceu outra vez
e fingimos não entender
tudo o que aconteceu.
Contém a lágrima,
mais por medo que por paz.
Diz: "- Sem você não sei viver."
Será desistência precoce
se eu deixar você falar sem responder o que
estes olhos neutros sem segredos
já não tentam esconder?
Simplesmente por não ter nada a dizer...
Por não ter nada a frente...
Sorrisos e promessas
já não conseguem manter
o momento que se perdeu.
Sou a casca da lagarta
que você deixou morrer
só por medo de sofrer.
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9. |
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Não me pede pra ficar
quando eu sei que o que você
mais deseja é se livrar de mim.
Descartável compaixão.
Sua droga particular.
E é tão romântico fingir não ver que
eu não sou mais que outro vício qualquer
em que você pendura os ossos pra ter
outra noite pra viver e esquecer.
Escuto tuas promessas...
Me paga um drink... Tudo bem.
Eu me vendo pra você.
Bizarra forma de prazer,
fingir estar apaixonado enfim.
Glamour, beijo, solidão,
roleta russa de paixão.
Você enfia os teus dados em mim
pra ver se eu te ajudo a esquecer
que em todas as tuas apostas
o fim é sempre o mesmo.
Te carrego pra casa,
você jura que nunca mais...
É sempre assim...
Eu desligo a TV,
mas meu abraço quer você.
Quem diria eu viciado assim
nesse filme infeliz
em que sangrar pelo nariz e esquecer
faz Dr. Jeckyll sorrir.
Tão moderno,
suicídio por exaustão.
Cospe tuas mágoas
em minha língua outra vez
que te observo consumir meu orgulho
e me permito ser assim.
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10. |
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Não foi possível te perder,
quando tão iluminado
te encontrei
sem roupas sobre o pedestal.
Passos curtos,
deixa escapar a fumaça pelas narinas.
Desprezo resvala por teu olhar,
quando teu cuspe,
ah, é o que me resta
e teu lado vazio da cama
grita e ressoa
de modo tão divino, triste e ímpar.
Ah, quem diria teus punhais
viriam firmes
para arrancar minhas asas?
Intruso beijo que afaga
este corpo embriagado,
piedade,
não me proclama promessas.
Pois sou fraco, tolo
e tenho vício
em cravar nas palmas espinhos e
em deixar me usar sem resistência.
Ah, maldito seja
tal desejo vil por deixar me devorar
e amanhecer assim,
com tanta culpa no olhar
por ter teu gosto nas roupas,
infausto demônio
que alimenta meu castigo.
Ah, por que me chamas?
Que prazer nefasto tens
em me ver rastejar
e em saber que sempre vou
persistir meu "talvez"
e me despir por teu prazer?
É vício,
mas é o que faz respirar
meu sangue.
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11. |
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A seguir, me encontrarás tão perdido
que já não poderei me separar
da descrença e da razão.
A seguir, das cenas da minha vida
restarão só reflexos dos dias
em que pude dar as mãos.
A alguém que me quis,
alguém que se importou,
alguém que soube entender
sem pedir explicação.
Ah, ouvir teu nome foi
mais remédio que dor.
Teu sabor santo me fez
esquecer o epílogo.
A seguir, me deixarás tão confuso em perdão,
que não reconhecerás
em meus lábios conclusão.
A seguir, o silêncio tomará o espaço
onde antes havia
o jardim em que nós dois.
Juramos ser felizes,
corremos de mãos dadas
e esquecemos tudo enfim
que nunca nos disse nada.
Ah, dizer teu nome foi
tão completo quanto o fim.
E agora que a dor voltou
o que será de mim?
O tempo é uma maldição
a insistir, persistir, conseguir.
Me diz agora então,
quem vai cuidar das flores
que deixamos sem abrigo
na estação de frio eterno
que deixamos entrar aqui
e congelar nossos olhos
no vazio da multidão?
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12. |
12 - Campos Elíseos
05:03
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Parte 1 - Devassidão
Fez-se vítima, pobre diabo
a arrancar as feridas em busca da dor.
Contempla as chagas que cultiva
qual jardim infértil.
"Semear frustrações, colher agonias",
qual Danaídes no inferno de seu sorriso pálido.
Arrasta os passos através dos dias,
falso néscio viciado em esquecer,
sedentário até para morrer,
que inexistente sem sombra no escuro.
Decrépito gosto por mastigar pregos...
Fez-se vítima, pobre diabo.
"Heterogenia" - justifica para si mesmo
"Fraqueza" - diz a voz que não se cala.
Triste figura, condenada aceita:
Do pó veio, pulvéreo será.
Devassidão
Parte 2 - Mundanidade
Fez-se algoz, alma infeliz,
a salivar sobre a carne alheia.
Enfia os dedos, pulsa e alicia
um sem fim de vícios.
Iconoclasta, ainda assim idólatra,
serve o suor como comunhão lasciva.
Rastejando ao teu leito
em antropofágica volúpia,
aquece teu corpo, tal herege das sombras,
que surge como desaparece.
A beijar teu medo, afagar teu pecado.
Fez-se algoz, alma infeliz,
"Minto por mentir, cuspo por cuspir",
ainda assim vem e se deita.
Triste figura, extasiada aceita:
Do pó veio, pulvéreo será.
Mundanidade
Parte 3 - Canto Final.
Fez-se algoz, alma infeliz.
Fez-se a vítima, pobre diabo.
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Nene Altro & O Mal DeCaim São Paulo, Brazil
Banda pós-punk / darkwave de São Paulo-SP formada em 2004.
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